Camboriú consolida papel estratégico no mapa da construção catarinense
O volume de empregos formais na construção civil em Camboriú cresceu 8% nos primeiros cinco meses deste ano. O percentual é mais que o dobro da média registrada na região Sul do Brasil no mesmo período, que ficou em torno de 3,5%. Camboriú tem se consolidado como um polo de expansão do setor, impulsionado por diversos fatores — entre eles, a posição geográfica privilegiada, o verde que emoldura o cenário urbano e a proximidade com Balneário Camboriú, uma das praias mais conhecidas do país.
O ritmo acima da média reflete um conjunto de transformações estruturais que vêm reposicionando o município no mapa da construção civil catarinense. A regulamentação do solo criado, a chegada de novas empresas e a crescente demanda por moradia nas áreas próximas a Balneário impulsionaram tanto o número de obras quanto a oferta de empregos no setor — consolidando Camboriú como um novo eixo de desenvolvimento urbano na região.
Em todo o país, são mais de três milhões de trabalhadores formalmente empregados na construção civil. Em Santa Catarina, Camboriú se destacou pelo crescimento expressivo, passando de 3,7 mil empregos formais no setor, em janeiro, para quatro mil em maio. Balneário Camboriú, tradicional referência no segmento, também apresentou avanço no período, com um crescimento de 5,5% no estoque de empregos formais na construção — índice superior à média estadual e regional, e que reforça a força do setor em todo o eixo litorâneo do estado. Os dados são do Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego.
SOLO CRIADO IMPULSIONA O DESENVOLVIMENTO
A cidade de Camboriú passou a explorar oficialmente o instrumento do solo criado em 2021, com a aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 004 pela Câmara de Vereadores. A medida regulamentou, pela primeira vez, a possibilidade de outorga onerosa do direito de construir no município — permitindo que construtoras adquirissem potencial construtivo adicional mediante contrapartida financeira. A regulamentação abriu caminho para a verticalização planejada em áreas específicas, marcando um novo capítulo no desenvolvimento urbano da cidade. A partir daí, observou-se um aumento expressivo nas metragens de construção autorizadas e na geração de empregos no setor, evidenciando o impacto direto da medida sobre o ritmo de crescimento urbano e econômico de Camboriú.
Criado em 2001, o Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257) prevê que os municípios podem permitir construções acima do limite básico — o chamado “solo criado” — mediante contrapartida financeira ao poder público por parte das empresas interessadas. Esse valor, por lei, deve ser obrigatoriamente revertido em melhorias urbanas, como infraestrutura, habitação, mobilidade e espaços públicos.
O Sinduscon acompanhou de perto esse processo e colaborou tecnicamente com a estruturação do instrumento. “O que vimos, a partir da regulamentação desse instrumento em Camboriú, foi a chegada de novos empresários dispostos a investir na cidade. Isso resultou no aumento do volume de obras e, naturalmente, na geração de empregos. O mais importante é que todo o valor arrecadado com o solo criado permanece no município e precisa ser investido em obras urbanas, o que gera um ciclo positivo de crescimento, desenvolvimento e qualidade de vida para a população”, destaca o presidente do Sinduscon de Balneário Camboriú e Camboriú, empresário Carlos Haacke.