PRODUTIVIDADE E INDUSTRIALIZAÇÃO – TECNOLOGIA E IA IMPULSIONAM A CONSTRUÇÃO
O tema foi discutido durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), que aconteceu em abril em São Paulo, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
A automatização dos processos e o uso da inteligência artificial (IA) em softwares de planejamento devem garantir obras cada vez mais produtivas. Entregar empreendimentos mais rapidamente e com menos desperdício é um dos principais desafios do setor. A transição para conquistar esse novo patamar, segundo Marcos Galindo, representante da CBIC e do PBQP-H, depende de diversas questões, mas o importante é garantir que a tecnologia esteja ao alcance de todos. “A produtividade envolve uma evolução em cada empresa, e cada uma sabe o estágio em que está. Todas devem ter um rumo e um objetivo, mas caminhamos para reduzir o tempo em obra, para progredir em termos de produtividade”, diz.
Entre os caminhos apresentados, está o uso de software no projeto generativo. A ferramenta usa a inteligência artificial, que faz várias simulações de possibilidades para um problema, reduzindo o tempo para que o projeto tenha a solução ideal. “Meu algoritmo trabalha para diminuir a área de produção e minimizar projetos de prateleira. Essas ferramentas existem como uma solução-base, em projetos generativos, e há uma multiplicidade de oportunidades e muitas ferramentas”, afirma Beda Barkokebas, professor adjunto da Pontifícia Universidad Católica de Chile.
EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL
Dentro dessa perspectiva, a chamada “Lean Construction” (construção enxuta) é apontada como o futuro da construção civil. Ramon Pollnow, sócio-diretor da Kata Offsite, diz que, para isso, investir em hardwares é o principal caminho. “Primeiro pensamos em organizar processos e projetos para que o operador trabalhe de forma organizada, para ter o melhor resultado dentro de um ambiente controlado pela organização e pela estabilização de processos. Depois, investimos na mecanização para eliminar desperdícios, gerar menos tempo de ciclo e melhoria nas condições de trabalho”, afirma. Para isso, utiliza-se máquinas em processos que podem ser feitos offsite, como montagem de frames, usinagem e fixação de painéis.
O aperfeiçoamento de processos, usando a industrialização, é apontado como fundamental nesse processo. Rodrigo Fairbanks Von Uhlendorff, vice-presidente do SindusCon-SP, diz que é fundamental pensar o mercado local para aplicar possibilidades de acordo com a necessidade. Em São Paulo, por exemplo, com prédios cada vez mais altos, o pensamento da industrialização torna-se importante na otimização e organização do processo produtivo. “Aqui no Brasil, quando pensamos em 30 andares, pensamos em alvenaria estrutural. Mas existem vários sistemas integrados para trazer a industrialização para essa obra: kits elétricos e hidráulicos, fachada em monocapa, telhado no BIM, janelas e portas de encaixe. A industrialização dentro da alvenaria convencional ocorre em muitos multissistemas e o maior diferencial da nossa empresa são os ciclos”. Para os palestrantes, a indústria da construção vive um momento de profunda mudança, e os próximos anos trarão processos cada vez mais enxutos e produtivos. “Esse futuro já chegou e temos de nos adaptar a ele”, conclui Rodrigo.
Para o presidente do Sinduscon de Balneário Camboriú e Camboriú, Carlos Haacke, ainda há um caminho a ser percorrido para a completa adaptação às novas tecnologias, que inclusive se renovam diariamente. “Embora o setor tenha avançado de maneira significativa, ainda enfrentamos o desafio de modernizar processos que, em muitos casos, não dialogam com as tecnologias que já fazem parte do nosso cotidiano. Quando levamos esse debate ao campo da escassez de mão de obra, é importante também observarmos que ao incorporar ferramentas – como a inteligência artificial – ao nosso dia a dia, conseguimos estabelecer um diálogo mais alinhado com as novas gerações. Dessa forma, podemos tornar a construção civil mais produtiva e eficiente, mas também mais atraente e conectada com as necessidades do mundo atual, ampliando as chances de atrair e reter os profissionais que nossa indústria tanto precisa”.
Com informações da Agência CBIC.